Passemos, tu e eu, devagarinho, 
Sem ruído, sem quase movimento, 
Tão mansos que a poeira do caminho 
A pisemos sem dor e sem tormento. 
Que os nossos corações, num torvelinho 
De folhas arrastadas pelo vento, 
Saibam beber o precioso vinho, 
A rara embriaguez deste momento. 
E se a tarde vier, deixá-la vir 
E se a noite quiser, pode cobrir 
Triunfalmente o céu de nuvens calmas 
De costas para o Sol, então veremos 
Fundir-se as duas sombras que tivemos 
Numa só sombra, como as nossas almas.
Reinaldo Ferreira
 
1 comentário:
Olá!
Contemplativo, delicado e suave.
O entardecer traz esta atmosfera cúmplice de envolvente nostalgia.
Funde-se nele, algo inexplicável e transcendente
Unidade perfeita de nós com o outro,ou simplesmente com o Todo que nos silencia.
Beijo.
Adorei este sublime poema.
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