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quarta-feira, 1 de março de 2023

Eduardo Carrança.

CANÇÃO

chove neste poema

Eduardo Carrança.

 

Chove. A tarde é uma

folha de neblina. Chove.

A tarde está molhada

da sua própria tristeza

às vezes vem o ar

com sua canção. Às vezes

sinto a alma apertada

contra sua voz ausente

 

Chove. e estou pensando

em ti. E estou sonhando.

ninguém virá esta tarde

à minha dor fechada.

Ninguém. Só tua ausência

que me dói nas horas.

Amanhã tua presença retornará na rosa.

 

Eu penso que a chuva cai

nunca como frutas.

Menina gosta de frutas,

agradável como uma festa

hoje é pôr do sol

teu nome no meu poema

 

Às vezes a água vem

olhar para a janela

e tu não estás.

Às vezes me sinto perto de ti.

 

Humildemente volta

tua triste despedida

Humildemente e tudo

humilde: os jasmins

as roseiras no jardim

 

e meu pranto em declínio.

Ó coração ausente:

como é bom ser humilde.






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