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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Maria Teresa Horta






O lince da tua boca
deitado no meu poema

bebe o corpo dos meus versos
devora-lhe a alma acesa

Com as pernas puxa e enlaça
a linguagem desvenda

com as garras desce-lhe as alças
aceita a febre descalça

Crava os dentes na sintaxe
lambe devagar as letras

sente a rima onde e enreda
possui a escrita sem pena

Procura a nudez da página
tem um orgasmo de seda

['O lince do meu poema' de Maria Teresa Horta in Poesis]

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