Photo: Josef Koudelka |
Dans le ciel gris des anges de faïence
Dans le ciel gris des sanglots étouffés
Il me souvient de ces jours de Mayence
Dans le Rhin noir pleuraient des filles-fées
On trouvait parfois au fond des ruelles
Un soldat tué d'un coup de couteau
On trouvait parfois cette paix cruelle
Malgré le jeune vin blanc des coteaux
J'ai bu l'alcool transparent des cerises
J'ai bu les serments échangés tout bas
Qu'ils étaient beaux les palais les églises
J'avais vingt ans Je ne comprenais pas
Qu'est-ce que je savais de la défaite
Quand ton pays est amour défendu
Quand il te faut la voix des faux-prophètes
Pour redonner vie à l'espoir perdu
Il me souvient de chansons qui m'émurent
Il me souvient des signes à la craie
Qu'on découvrait au matin sur les murs
Sans en pouvoir déchiffrer les secrets
Qui peut dire où la mémoire commence
Qui peut dire où le temps présent finit
Où le passé rejoindra la romance
Où le malheur n'est qu'un papier jauni
Comme l'enfant surprit parmi ses rêves
Les regards bleus des vaincus sont gênants
Le pas des pelotons à la relève
Faisait frémir le silence rhénan.
Louis Aragon
Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas
Encontrávamos por vezes no fim dos becos
Um soldado morto pelo golpe de uma faca
Encontrávamos por vezes essa paz cruel
Apesar do vinho branco novo nas colinas
Bebi o álcool transparente do licor das cerejas
Bebi aqueles juramentos murmurados
Como eram belos os palácios as igrejas
Tinha vinte anos Nada compreendia
Que sabia eu então de derrota
Quando o teu país surgia como um amor proibido
Quando ansiavas pela voz dos falsos profetas
Para trazer de volta a esperança perdida
Lembro-me de músicas que me tocavam
Lembro-me dos sinais feito com giz
Que descobríamos de manhã nas paredes
Sem saber decifrar os seus segredos
Quem poderá dizer onde começa a memória
Quem poderá dizer onde termina o tempo presente
Onde o passado tomará o romance
Onde a desgraça não passará já de um papel amarelado
Tal como a criança surpreendida pelos seus sonhos
Os olhares melancólicos dos vencidos permaneciam inquietos
Aos passos do render da guarda
Que faziam estremecer o silêncio do Reno.
Louis Aragon (tradução Rui Amaral Mendes)
3 comentários:
Louis Aragon, Poeta Francês de pensamento impulsivo que entra no âmago do subconsciente, desvalorizando os limites da razão. Muito escreveu e por várias correntes passou deixando marca no surrealismo !!!... Bj Conde <3
Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas
bj..
Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas
bj.
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