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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

é ter coragem para....

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e

se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar

um oásis no recôndito da sua alma .

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um 'não'.
...esperei por ela...

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


(Fernando Pessoa)



Carmen, você estragou meu coração .....



Carmen, Carminha,
eu pensei que você fosse minha,
mas, não.
Bastou virar a esquina
Para você estragar meu coração,
fazer dele um picadinho
passando sal e limão.
Carmen,
o que me aconteceu
que eu perdi você
como o anel que me deu!
Carmen,
tem coisas que não pode ser...
o que me dizem de você
é que virou um furacão
passou pelo sabre de todo o batalhão.
Não! Não! Não!
Logo você que era tão pudica
dizem que não pode ver ...
uma garrafa
que o primeiro que vier garfa!
Ah! Carmen,
nem venha me falar
que, depois, basta lavar.
Não é assim não!
Você dilacerou meu pobre coração
e ando até com medo
de arranjar uma mulher
com jeito infantil.
Carmen,
minha vontade é de sumir do Brasil...
atrás de inglesas
que, segundo De Laurentis,
são símbolo da pureza,
pois, nem lavam a genitália!
Se não der certo
bebo vinho até morrer
na Itália!


De. by spersivo

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Arrojos




Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos nocturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.

Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.

E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
Às mesas espelhentas do Martinho.

Cesário Verde

Foto:Yuri B

Talvez .......

Chapim-de-poupa


Talvez
eu fosse alguém
diferente

não que eu não goste
do que vejo, mas
as lembranças mudariam
muitas coisas
que hoje não consigo mudar

se acaso meus verbos
tivessem mais ligados
aos seus toques
e meu caos
fosse mais sua paz
e sua direção
fosse mais minha
estrada

quem sabe
os anos não tivessem
envelhecido papéis escritos
sem sentido
e tudo o que imaginei
pudesse ter acontecido
e as noites
não tivessem caído
em insônia
e tudo fosse mais divertido
no sonho ou no sorriso

Se tudo se modifica
em um instante
naquele podíamos
ter sido...

simplesmente
poderíamos ter sido
algo diferente

Cinthia Sousa Kaneyuki

sábado, 25 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dual

Carlo Martins Photo



Altas marés no tumulto me ressoam
E paredes de silêncio me reflectem

VI

Não te chamo para te conhecer
Conheço tudo à força de não ser

Peço-te que venhas e me dês
Um pouco de ti mesmo onde eu habite

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

muito actual....

CHORO



Choro lágrimas de raiva

Um olhar a P&B
ao olhar o meu País.
Tenho dúvidas que saiba
viver sem dobrar a cerviz.


Em ciclos como as sezões,
com o poder que o povo tem
sufraga nas eleições
os senhores que, com desdém,


filhos pródigos a contracto,
vindos de outras paragens,
cumprem o desiderato
de obrigar à vassalagem


o País, que enganado,
por promessas de felicidade
acreditou, entusiasmado,
e recebeu ...austeridade.


Agora com a carestia
e a enriquecer usurários
as nossas mais-valias
vão pagar os honorários.


Medidas endureceram
o nosso viver diário,
os ânimos esmoreceram
com o corte dos salários.


E se, humildes, pedimos
no cinto um furo a menos
é muito o que exigimos
dizem os filhos do Demo.


E o medo já se sente
no Povo, quem o diria.
Calam-se as vozes da gente
que vivia em Democracia.

De: helena guimaraes

Show.... Absolutamente Fabuloso!!!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Amor



Amam-se
Os dois são um só
O que um sente
O outro também sente
São pura química
2154
Olham-se e já sabem
O que cada um pensa
Amam-se como nunca amaram ninguém
Rodopiam numa dança louca
Cheia de vermelho
Da cor da paixão…

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Olhos fechados




Encapuzada

Fecho os olhos. vejo luzes de cidades distantes. a noite
distante. vejo o brilho de um sonho tão impossivel.

a escuridão é absoluta. a escuridão é infinita.
todos os cegos sabem que a escuridão é a morte.

fecho os olhos. vejo aquilo que se vê com os
olhos fechados.

a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência

a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.

mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.

aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos. fecho os olhos para te ver
e para não chorar.

José Luís Peixoto

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Rapariga descalça




Chove. Uma rapariga desce a rua.
Os seus pés descalços são formosos.
São formosos e leves: o corpo alto
parte dali, e nunca se desprende.

A chuva em Abril tem o sabor do sol:
cada gota recente canta na folhagem,
O dia é um jogo inocente de luzes,
de crianças ou beijos, de fragatas.

Uma gaivota passa nos meus olhos.
E a rapariga - os seus formosos pés -
canta, corre, voa, é brisa, ao ver
o mar tão próximo e tão branco.

Eugénio de Andrade

Foto:Eli

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Momentos.....



Existem Momentos de Hesitações, Interrogações e Inquietações!
Nem Sempre Tenho Respostas ou Soluções!

Nem Sempre a Voz do Coração me Escuta ou Entende!

Aguardo Pelo Amanhã, Com a Esperança Que Nem Todos Os Dias São Iguais.

O Ontem Já Esqueci, o Hoje Estou a Viver, O Amanhã Esta para Nascer!


Autor: Desconhecido

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

De nenhum olhar I





Hoje o tempo não me enganou. Não se conhece uma aragem na tarde. O ar queima, como se fosse um bafo quente de lume, e não ar simples de respirar, como se a tarde não quisesse já morrer e começasse aqui a hora do calor. Não há nuvens, há riscos brancos, muito finos, desfados de nuvens. E o céu, daqui, parece fresco, parece a água limpa de um açude. Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas sim em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu

Jose Luis Peixoto

Foto:Eli

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fechei a cortina

COCA-COLA




Entreabríamos o cortinado ao cair da tarde
e deixávamos entrar a música e os duendes.
As begónias cobriam de verde o canto da sala,
adormecias no sofá em frente ao noticiário das oito.
O medo saia do teu corpo, visitava-me na cozinha
desvirtualizava o fio claro do pensamento,
empurráva-me os passos, alongava-me os dedos
em tremores e suores frios de silêncio.
Não consigo ter-te sem o universo que te circunda
onde te amarras numa ânsia de naufrágio.
Inquieta, caminho de novo na autofagia
que me deixa exangue de vontade
no ostracismo de solidão que me cerca.
Agora fechei a cortina e espero quieta.
No escuro procuro a luz das velas que se apagam
quando me aproximo e não descubro a saída
( do labirinto.
Sei que se abrir o cortinado entra a luz
mas com os duendes vens tu e o medo
que me alonga os dedos e os sonhos
(deixam de ter asas.
As árvores são verdes, o céu azul e as coisas
e as pessoas compram-se porque é assim.
Tudo tem um lugar estático e predeterminado
como se viver não fosse uma dialéctica
de cada um consigo e com a sua circunstância.

De: helena guimaraes

Ano 2008

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Veja e ouçam....

Amor e medo....

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

Casimiro de Abreu


Amor e medo


Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.

O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair cias tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.

É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!

Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?

A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!

Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...

Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...

Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...

Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.

Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...

Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

NEM TE ENGANANDO...




Coraçãozinho ateu

Eu não sei não
Como foi que perdi
teu coração.
Ainda agora o tive
tão vivido.
na minha mão.

Não se pode nem dizer
Que não o tratei com carinho
Que não lhe dei ilusão.
Até dei uma pancadas nele
Tentando injetar adrenalina
pensando que tivesse salvação.

Ó coraçãozinho sem-vergonha!
Voou feito um passarinho
E nem cantou nem gemeu
Deve ser um coração ateu
nem acreditou
quando lhe disse
que era Deus!


De: spersivo blog

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Retrato ardente....





No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha

Eugénio de Andrade

domingo, 12 de fevereiro de 2012

De onde chegam estas palavras?


Um Gesto de Carinho (XXVIII)


-De onde me chegam estas palavras?

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência

Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.

Joaquim Pessoa

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Casimiro de Abreu/ Desejo

DESEJO


Joyce Campelo (André Pires)

Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!

Se essa mulher fosse linda

Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;

Se tivesse a tez morena,

Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;

Se as tranças fossem escuras,

Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;

Se a fronte pura e serena

Brilhasse d'inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;

Se a voz fosse harmoniosa

Como d'harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;

E se o peito lhe ondulasse

Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;

E se essa mulher formosa

Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
— A vida, o céu, a razão!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Delírio .... ( eu não.....) rsrsrsrs




Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....


Olavo Bilac

Foto:Joris Van Daele

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Socrátes moderno



Flawless




Eu, hoje, só sei que não sei de nada

E que esta ignorância que tenho acumulado


É que me tem salvado num país onde saber é pecado.

De. Bertolt Brecht




O Homem e o café


Maria sejas louvada


Maria sejas louvada

Como és tão apertada
Uma virgindade assim
É coisa demais p'ra mim.

Seja como for o sémen

Sempre o derramo expedito:
Ao fim dum tempo infinito
Muito antes do amen.

Maria sejas louvada

Tua virgindade encruada
'Inda me pões fora de mim.
Porque és tão fiel assim?

Por que devo eu, que dialho

Só porque esperaste tanto
Logo eu, o teu encanto
Em vez doutro ter trabalho?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Uma poetisa bissexta



Origin
A MOMENT OF BLISS

Lilita do Acre

Finished the chores of the day

I wearily reached for my favorite window .
And Lo! What a pleasure,
Finding the rain coming down again,
Bringing together the adorable scent
Of newly wet grass!

People complain against the rain

When it should be seen as divine bliss
For nature is preparing the forthcoming season,
Of fruit and fish in the Amazon.

Instead of complaints we should salute nature

In its wise change of seasons
Each one favoring men and creatures
With nurturing abundance of every sort.

I can only complain against fate

For not allowing me
The wonder of sharing this moment with you.


Um momento de felicidade


Concluída as tarefas do dia

Eu cansada alcanço minha janela favorita.
E eis! Que prazer,
Encontrar a chuva caindo novamente,
Trazendo junto o perfume adorável
Da grama recém molhada!

As pessoas reclamam da chuva

Quando deveria ser vista como uma benção divina
Para a natureza que prepara a próxima estação,
De frutas e de peixes na Amazônia.

Em vez de queixas, devemos louvar a natureza

Na sua sábia mudança das estações
Cada uma favorecendo os homens e as criaturas
Com o carinho abundante de cada espécie.

Só posso reclamar do meu destino

Que não me permite
Compartilhar este maravilhoso momento com você.


De : spersivo

Tu sempre.....



Tu sempre foste una
e sempre foste minha,
Sury Cunha - www.hotmagazine.pt
ainda quando a cor e a forma tua se fundiam
com outra forma e cor que tu não tinhas.

Por isto é que te falo de umas coisas
que não lembras
nem nunca lembrarias
de tais coisas entre mim e ti
ainda quando tu não me sabias
e dividida em outras te mostravas
e assim dispersa me ouvias.

Tu sempre foste uma
ainda quando o corpo teu
com outro corpo a sós se punha,
pois o que me tinhas a dar
a outro nunca o deste
e nunca o doarias.

Por isto é que te sinto
com tanta intimidade
e te possuo com tanta singeleza
desde quando recém vinda
ostentavas nos teus olhos grande espanto
de quem não compreendia
a antiguidade desse amor que em mim fluía.


Affonso Romano de Santa'Anna

domingo, 5 de fevereiro de 2012

POEMA DA ESPERA

estudio


Talvez seja melhor
Que não venhas.
Ou, melhor ainda se nunca
tivesses vindo.

Porque se assim fosse
Não sentiria
O que estou sentindo
Tamanha ausência de significado.

Talvez seja melhor
Que não venhas.
Podes não ser
Mais nada do que foi
E só matar
O que houve entre nós dois.

Tanto tempos separados
Deve fazer diferença
E se, de repente,
Somos dois estranhos?

Não, é melhor que não venhas.
Melhor permanecer, como agora,
Sem saber por quais caminhos,
Lugares e bancos
Os teus sonhos repousam.

No entanto há uma parte de mim
Que insiste
Em que, de fato, jamais partistes.
E ainda sonha
Com os dias gloriosos
De tua volta
E me sussura
Que não te esquecerei.

Talvez seja melhor que não venhas-
Repito, ansioso, por ouvir tua voz rouca
Me chamar, novamente, de “Meu lindo”!


De: spersivo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

a história começa assim:

SEARAS E PAPOILAS



Era uma vez….
Assim começam as histórias
que nos contam as glórias
dos heróis, ou os devaneios
da nossa imaginação.
Era uma vez,
(A história começa assim)
uma borboleta de asas brancas
tão finas como cambraia
que em voo saltitante,
passeava radiante
por um belo campo de trigo.
Pareceu-lhe um bom abrigo!
A seara ondeava calma
até além, ao horizonte,
cabelos de ouro fino
penteados pela brisa.
Mar doirado que desliza
em murmúrio ao sol de Verão.
Aqui e ali, pontos escarlate,
as papoilas abrem as corolas,
húmidas, macias de cetim.
-Hei, borboleta, diz a espiga,
pousa em mim tua candura
vem partilhar minha doçura
eu e as minhas companheiras
somos úteros de pão.
Vem degustar o meu grão
que dá a vida para ser sustento.
Em gargalhada sonora
responde atrevida a papoila
torcendo os estames amarelos,
a mostrar os seus carpelos.
- Tu és pálida, sem encantos,
teu perfume é a farinha
tens barbas que magoam asas.
Eu sou húmida e macia
e vermelha de paixão.
- Mas és papoila dormideira!
Na tua cor escarlate,
no néctar maligno e doce
dormita a mão da Ceifeira.
Virou-lhe a papoila a corola,
na sua haste elegante
mostrando-lhe o seu melindre.
- Borboleta, és tão bela,
pareces um anjo voando
dá-me o teu beijo de amor
dar-te-ei a minha cor
conhecerás a paixão
e ao calor deste sol
viveremos nos amando.

(Ninguém lhe falara assim!)
mirou a corola de cetim,
pousou cansada e incauta
sorveu o néctar num beijo,
saciou o seu desejo.
Num adejar lento e breve
uniu as asas, morreu.
Naquela loira seara,
aquele ponto escarlate
ficou manchado de neve.
Uma incauta mariposa
morreu de amor e desejo
apenas, e só, por um beijo!


Helena Guimarães

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tempos




Eu sempre soube da verdade em teus olhos.
O que eles me disseram mantive guardado,
fora do alcance das conversas.

Havia um tempo em que a despedida
principiava um outro encontro,
escondido dos olhos e das conversas.

Havia um tempo com um doce cheiro no ar
de todos os perfumes.
Uma busca constante do olhar,
um gosto a mais nas coisas...
Era batom!

E era depois a pele,
o deslizar dos cabelos,
o afago das mãos...

A casa cheia de nossas conversas,
dos modos, das esperas e demoras.
Uma vida em tantos acordar!

Era por fim um outro olhar,
sem mais as mesmas verdades
(embora nunca mentiras).
Mas sem as mesmas respostas.

Outras vozes agora falam no nosso silêncio.
Mudamos os rumos,
os olhares,
o sentido da conversa.

Celso Brito

Foto:Janosch Simon

Um poeta não fode, ama

Um poeta não fode, ama



Um poeta não fode, ama.
Um poeta faz da página cama
Onde se deita, se contorce
Se abre e se sacia.
Um poeta toca as palavras
Como se acariciasse o corpo
E o poema cresce
E o poeta é verso
Que rola na página cama
Onde o poeta não fode, mas ama
E acaricia o corpo/verso
E o orgasmo que tem
É a poesia!


in"Encandescente"

Do blog : WebClub



AMINTA

Ronald Rivas

Aminta la hija inmortal del viento
Dejó su secreto disperso
En la hierba de las horas
Cuando soy, a penas,
Un escarabajo
Que recoge su tedio en las líneas más densas de la grama,
Planta su sonrisa mientras acaricia mi huesudo corazón
Y desearía ser el gatito en medio de sus piernas.

Aminta

Aminta, a filha imortal do vento,
Deixou seu segredo disperso
Na grama das horas.
Quando sou, apenas,
Um escaravelho
Que recolhe o seu tédio nas linhas mais densas da grama,
Planta o seu sorriso enquanto acaricia meu coração de osso
E desejaria ser o gatinho no meio de suas pernas.

Do blog : spersivo/br

Número da paixão




Na corda bamba quero ser teu contrapeso
no número das facas assobiar nos teus ouvidos
no globo da morte quero ser teu copiloto
no vai e vem do trapézio quero ser quem te segura

quero te acompanhar pelas ruas do rio sorrindo ou chorando
quero me molhar todinho só pra te deixar sequinha nesse temporal
quero te abraçar apaixonado sentir teu coração pulsar
quero te beijar do oiapoque ao chuí, bem te vi

porque eu sei que teus cabelos são tempestades que me alucinam
que despencarei cada vez que subir nos teus andaimes
que me esfaquearei transtornado com suas subtis insinuações sobre o
tempo

que me transmutarei em nêspera cada vez que me disseres:
hasta luego, luz del fuego
que vagarei sem esperanças quando não mais fizeres parte
dos meus próximos capítulos
que capitularei enfim, com a cabeça espatifada nos escombros
do meu próprio coração.

Chacal

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Cálice do amor ....



Sorvo os teus lábios no cálice do amor.
é um vinho extasiante;
embriaga-me de ternura,
dá-me novo alento.

A energia que invade o meu peito
dissipa todos os senões
como se nunca tivessem existido.
O tempo para. O momento é nosso.

às vezes, tudo parece ilusão,
mas a ilusão é o toque mágico
com que a realidade brinda a vida.

Entregamo-nos intensamente.
Cabeça, corpo, emoção são o elo
que permeiam duas essências a se refletirem.
Dois espelhos antepostos e uma única imagem.

O descanso não existe.
O calor é avassalador.
O amor é o fruto de todas as nossas realizações,
cada um construindo o outro, em busca de nós mesmos.

Paulo José Pinheiro Machado


Foto:Haleh Bryan

Sacode as nuvens



Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar,
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.

Sophia de Mello Breyner Andresen


Imagem retirada do Google