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domingo, 9 de outubro de 2011

18 horas TMC





Eram 6 da tarde quando cheguei ao Céu
uma orquestra de rouxinóis tocava boleros
e Deus estagiava poemas de amor na Mont Blanc

Temperatura agradável, nem frio de traições
nem calor de granadas em estufa de aguardente
o tempo que faz no Céu toda a Eternidade

Deram-me logo uma "Tequilla Sunrise" gelada de sorrisos
e uma coelhinha da Playboy com seios naturais
ofertou-se de mansinho para misturarmos peles

Depois fomos jantar trufas, vinho do Porto e Häagen Dazs
o restaurante era uma ostra acetinada com cheiro de lírios
e um "maître" vestido de anjo e curso de "saucier"

À noite, assistimos à "première" da nova versão da "Bíblia"
num cinema parecido com o castelo da Bela Adormecida
onde os bidões de pipocas sabiam a caviar e “foie-gras”

Gostei de ver Tom Cruise como Abraão, apesar da altura
as barbas compensaram e o moço está outra vez charmoso
não obstante Nicole vender agora o corpo em Hollywood

Trouxeram-me ao quarto num Rolls Royce verde de metais
conheci pessoalmente o saxofone tenor de Stan Getz
que ia deitado nos estofos a tocar “Apasionado”

Tomei um duche daqueles automáticos, novidade celestial
e deixei-me boiar na cama que cheirava a lavado de Ajax
entrou então, nua de pecados, uma massagista tailandesa

E cada vez que me pianava as costas bronzeadas
saíam-me dos poros os últimos demónios escondidos
e sentia-me como um alpinista no topo de mim

Quando acordei, sem remelas, ressacas, remorsos ou memórias
Bogart veio tomar comigo o uísque da manhã, sorriu-me
e disse que no Céu era sempre assim todos os dias.

Luís Graça

1 comentário:

GarçaReal disse...

Como é belo o céu e mais belo seria se o pudéssemos transferir para o nosso planeta.

Gosto deste poemas


bjgrande do Lago