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terça-feira, 22 de julho de 2025

POESIA

 




Aos ventos espalhei a cinza dos meus gestos.
Num desprezo de mim, fiz-me poeta,
traí os meus sonhos, enchendo vãos papéis
de traços sem sentido e talvez falsos.
Fui poeta como alguns se suicidam, 
como outros partem sem destino certo. 
Sonhei-me longe de tudo o que possuo
- longe de mim, longe de quem? -
afastado, sem contas a prestar... 
Foi longo o meu engano. Agora vejo 
que nunca de mim eu me afastei...






Adolfo Casais Monteiro

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