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domingo, 6 de outubro de 2024

Vinicius de Moraes

 




Eu te peço perdão por te amar de repente 
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos 
Das horas que passei à sombra dos teus gestos 
Bebendo em sua boca o perfume dos sorrisos 
Das noites que vivi acalentadas 
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo 
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. 
E posso te dizer que o grande carinho que te deixo 
Não traz o exaspero das lágrimas nem o fascínio das promessas 
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma... 
É um sossego, uma unção, um transporte de carícias 
E só te pede que você repouse quieta, muito quieta 
E deixa que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.


Vinicius de Moraes




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