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terça-feira, 25 de junho de 2024

Joan Margarit





  1. Éramos muito novos. Começaram logo 
    vários anos de perdas e infortúnios. 
    Depois de atravessarmos os nossos Invernos, 
    sorrimos para a dor, que envelheceu. 
    Também não desconfiamos da tristeza: 
    agora tudo faz parte da mesma força. 

    Embora os sofrimentos me tornassem 
    mais solitário, 
    chegue onde chegar quando anoitece, 
    nunca temi tão pouco este caminho. 
    Há vinte anos que tu e a poesia 
    são tudo o que tenho. 
    É o melhor final. De madrugada 
    acordei e fiquei a ler o que escrevera 
    antes de adormecer: para que é que isto serve? 
    Se calhar a poesia, 
    que chegou quando eu era um rapaz, 
    partirá quando for preciso. 
    Aquele, contigo e a indiferença, 
    será o tempo de apenas recordar.


    Joan Margarit




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