CORRIDA INFINITA Todas as vezes que te procuravaEra para correr como um desesperado Atrás de uma sombra que sempre corria mais. Era uma corrida contínua e sem esperançaAinda mais que uma voz me perseguiaGritando com feroz autoridade Que seria melhor esquecer antes que fosse tarde,Mas, teimosamente, ainda assim persistiaE nem a corrida nem o pesadelo acabava E lembro que era a vida que acabava Sem que jamais conseguisse te esquecer.
Chovia... chovia...
Naquela tarde, como chovia!Me lembro de que a chuva caíalá forasem parar,e seu surdo rumor até pareciaum sussurro de quem choraou uma cantiga de embalar...Me lembro que tu chegasteinquieta, ansiosa,mas logo te aconchegasteem meus braços, quietinha...(...enrodilhada como uma gatinha...)E eu quase não sabia o que fazer:se de encontro ao meu peito te deixava adormecer...se te mantinha acordada, para seres minha...Me lembro que chovia... chovia sem parar...E que a chuva caía a turvar as vidraçasanoitecendo o quarto em seus tons baços...Me lembro de que te sentiaaconchegada em meus braços...Me lembro que chovia...E de que era bom porque chovia,e porque estavas ali, e porque eu te queria...Sim, me lembro que tudo era bom...E que a chuva caía, caía,monótona, sem parar,naquele mesmo tom...Naquela tarde, amor, como chovia!Agora, quando longe de ti, nem sou mais euem minha melancolia,não posso mais ouvir a chuva cairque não fique a lembrar tudo o que aconteceunaquele dia...Naquele dia...enquanto chovia...J. G. de Araújo JorgeImagem retirada do Google Etiquetas: Poesia
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