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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Silenciosamente

 

Silenciosamente



Estamos aqui,

Tu e eu,

de repente, envolvidos na mágica do desejo

deitados sob o céu estrelado

testemunha imensa e muda

de palavras e gestos de carinhos

que, amanhã,

talvez tenhamos certeza de ter inventado

como a forma de explicação

para aceitar o inexplicável.

Agora,

nada mais é necessário

além de encostar minha boca na tua

e devagar

sugar a língua

como quem saboreia o sonho,

a vida, o momento, a alegria

com a satisfação e o espanto

de criança que descobre o pecado...

Não é uma noite,

no entanto, para grandes pensamentos

ou preocupações com pequenas tristezas.

A tendência pressentida

de ser

assim impossivelmente um do outro

nos exige carícias, concentração,

adivinhações e experimentos da mão,

da pele, da medida exata do toque,

da palavra e do silêncio.

Entre lençóis,

o prazer e os gemidos

inundam a cama

e inesperadamente

explodem

nos suaves afagos de tuas mãos

e nas palavras desarticuladas

que a tudo dá sentido.

O brilho dos teus olhos

de menina ilumina a noite

e, sem explicações,

justifica a existência e o amor

sem palavras,

silenciosamente.

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