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quarta-feira, 29 de maio de 2024

António Franco Alexandre


Salva-me agora, não desta morte ou de outra 
mas de ir vivendo assim seguramente 
sem música nem arte, e com o amigo ausente. 
No escuro ainda levantei-me e vi 
a antiga madrugada que nascia 
leve e primeira com a luz macia. 
E quem me ouvia, senão os mortos mansos 
e generosos sob a lousa fria? 
É certo que sonhei que me deixavas 
amar e ser amado, como quem 
sem mérito nem rosto me fizeste; 
mas era de cantor que me mandavas 
às portas da cidade ver arder o dia.


António Franco Alexandre

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