Para Fernando Aramburu
Em pequeno fui imortal. Adolescente,
revoltei-me contra o que agora sou.
Em jovem fui selvagem. Fiz sofrer
e sofri muito mais do que queria.
Pouco a pouco a morte (era semente
e parecia alheia) foi crescendo
dentro de mim, feliz, recuperando
aquilo que era seu, e só muito tarde
soube o que era a vida. Na velhice
beijava a água e abraçava o ar
como o doente abraça a esperança
ou o náufrago, a espera. Nunca o mundo
foi tão belo como antes de eu partir.
Agora já não existe. Agora sonho
que o que já não sou volta a nascer.
Juan Vicente Piqueras
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