Mas é assim o poema: construído devagar,palavra a palavra, e mesmo verso a verso,até ao fim. O que não sei écomo acabá-lo; ou, até, seo poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:puxo o teu corpopara o meio dele, deito-o na camada estrofe, dispo-o de frasese de adjectivos até te ver,tu,o mais nu dos pronomes. Ficamosassim. Para trás, palavras e versos,e tudo o quenão é preciso dizer:eu e tu, chamando o amorpara que o poema acabe.
Nuno Júdice (1949–2024)
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