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sábado, 27 de abril de 2024

Maria Teresa Horta

 

APR




Este é um poema
com saudade da festa

Dias de vermelho
de damasco e de riso

Das horas de alegria
e de bandeiras, de cravos
rubros postos no vestido

Este é um poema
feito de memória

Da pressa incontida
no passo corrido

De fala crescida
de prisões abertas, de escrita
liberta descobrindo o sentido

Este é um poema recordando
a mudança, da esperança
e do sonho acontecido

Com palavras
do corpo e de lembrança

Exigindo o futuro
a promessa e o grito

Este é um poema
cantando
a liberdade

De lágrimas costuradas
suturando o sorriso

Ousando dizer da ambiguidade
da estranheza do novo
misturado ao antigo

Este é um poema
torneando o avesso

Da luz da madrugada
de uma noz de vidro

Do voo das gaivotas
junto à pele das águas
fazendo do Tejo o seu precipício

Este é um poema
de visitar a História

Da revolução
o ganho
e também o perdido

Da viagem e do mar
da língua portuguesa
onde na paixão me encontro comigo


Maria Teresa Horta





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