Ser tripeiro...
As reportagens que o JN publicou sobre a descaracterização das gentes do centro histórico do Porto, faz-me recear não voltar a ouvir as deliciosas histórias como as que Hélder Pacheco recordou no seu “passeio público”.Para que não se perca, aqui vai uma com alguma graça:O Sousa era barbeiro da Ribeira conhecido pela sua gabarolice.Era o melhor em tudo, ninguém lhe levava a palma.Jactava-se junto de toda a gente sobretudo no cais com as vendedeiras.Moços que captavam gorjetas dos turistas por saltarem para o rio da ponte Luis I, disseram-lhe que se inscreveram na prova de resistência do domingo seguinte com natação desde Massarelos até ao Freixo.Logo o Sousa lhes respondeu que lhes ia dar um banho.E assim se ufanou junto das vendedeiras que lhe prometeram apoio.Nesse domingo, juntou-se muita gente na Ribeira, com destaque para as vendedeiras.Quando chegam os nadadores, o grupo ainda estava compacto mas o Sousa ia em último lugar e a atrasar-se.As vendedeiras estimulam-no gritando:– Força Sousa, força!E levantavam as saias dando palmadas nas nádegas.Nesse momento, o Sousa nada para a margem e sai da água.As vendedeiras gritam-lhe:- És um gabarolas, murcom, só tens letra!E o Sousa, com jactância responde-lhes:- A culpa é vossa por levantarem as saias;…um homem não é de pau e eu fiquei com a piça atolada no lodo do rio.As vendedeiras ficam algum tempo espantadas até que uma lhe responde:- Nadavas de costas, murcom!E logo o Sousa riposta:- E a ponte, carago?!!!
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