MUNDO CRUEL
Na mesa de um botequim
ruim
com hálito de aguardente
e um pé doente,
que me incomoda,
olho o céu
sem lua,
sem estrelas
e um vaga-lume
que também parece bêbado.
Tento ler
alguma poesia,
todavia não passo de uma linha.
Começo a beber uma cerveja,
meio diferente,
é que está quente.
Peço um rum,
mas não tem coca
nem limão.
Assim não!
O mundo nesta conjuntura
virou uma ditadura.
Ah! se tivesse
uma margarita,
uma tequila,
até uma vodka.
Só tem cachaça
e Israel declarou guerra
contra a Palestina.
Que sina!
Como anda difícil
viver nesta terra.
O Madeira secou,
Porto Velho
virou uma fornalha.
O Brasil se tornou
uma flor murcha dos sonhos.
E a minha lira
já não delira
pela amada dos negros olhos.
Até se penso
em fazer versos
surgem perversos
do fundo
do meu mórbido coração.
Agora minha musa,
minha inspiração
que nunca foi
lá essas coisas,
foi embora,
só me machuca
porque nem com bebida
há o menor sinal
de que há de voltar,
que possamos esperar
ser possível
melhorar de vida!
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