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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

MUNDO CRUEL

 

MUNDO CRUEL

 


Na mesa de um botequim

ruim

com hálito de aguardente

e um pé doente,

que me incomoda,

olho o céu

sem lua,

sem estrelas

e um vaga-lume

que também parece bêbado.

Tento ler

alguma poesia,

todavia não passo de uma linha.

Começo a beber uma cerveja,

meio diferente,

é que está quente.

Peço um rum,

mas não tem coca

nem limão.

Assim não!

O mundo nesta conjuntura

virou uma ditadura.

Ah! se tivesse

uma margarita,

uma tequila,

até uma vodka.

Só tem cachaça

e Israel declarou guerra

contra a Palestina.

Que sina!

Como anda difícil

viver nesta terra.

O Madeira secou,

Porto Velho

virou uma fornalha.

O Brasil se tornou

uma flor murcha dos sonhos.

E a minha lira

já não delira

pela amada dos negros olhos.

Até se penso

em fazer versos

surgem perversos

do fundo

do meu mórbido coração.

Agora minha musa,

minha inspiração

que nunca foi

lá essas coisas,

foi embora,

só me machuca

porque nem com bebida

há o menor sinal

de que há de voltar,

que possamos esperar

ser possível

melhorar de vida!





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