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sábado, 16 de setembro de 2023

Mia Couto

 

SEP

Não saberei nunca 
dizer adeus

Afinal, 
só os mortos sabem morrer 

Resta ainda tudo, 
só nós não podemos ser 

Talvez o amor, 
neste tempo, 
seja ainda cedo 

Não é este sossego 
que eu queria, 
este exílio de tudo, 
esta solidão de todos 

Agora 
não resta de mim 
o que seja meu 
e quando tento 
o magro invento de um sonho 
todo o inferno me vem à boca 

Nenhuma palavra 
alcança o mundo, eu sei 
Ainda assim, 
escrevo.


Mia Couto










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