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sábado, 2 de setembro de 2023

António Ramos Rosa

 

SEP

Dou-te um nome de água 
para que cresças no silêncio. 

Invento a alegria 
da terra que habito 
porque nela moro. 

Invento do meu nada 
esta pergunta. 
(Nesta hora, aqui.) 

Descubro esse contrário 
que em si mesmo se abre: 
ou alegria ou morte. 

Silêncio e sol - verdade, 
respiração apenas. 

Amor, eu sei que vives 
num breve país. 

Os olhos imagino 
e o beijo na cintura, 
ó tão delgada. 

Se é milagre existires, 
teus pés nas minhas palmas. 

Ó maravilha, existo 
no mundo dos teus olhos. 

Ó vida perfumada 
cantando devagar. 

Enleio-me na clara 
dança do teu andar. 

Por uma água tão pura 
vale a pena viver. 

Um teu joelho diz-me 
a indizível paz.


António Ramos Rosa




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