(O Eugénio de Andrade espera-me num
Café. Atravesso as ruas do Porto - a cidade
onde nasci - com os punhos cerrados
de dor)
Não nasci por acaso nestas pedras
mas para aprender dureza,
lume excedido,
coragem de mãos lúcidas.
Aqui no avesso da construção dos tempos
a palavra liberdade
é menos secreta.
Anda nos olhos da rua,
pega lanças ao gestos,
tira punhais das lágrimas,
conclui as manhãs.
E principalmente
não cheira a museu azedo
ou a musgo embalado
pela chuva na boca na boca.
Começa nos cabelos das crianças
para me sentir mais nascido nestas pedras.
Porto
- cidade de luz de granito.
Tristeza de luz viril
com punhos de grito.
José Gomes Ferreira
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