O poeta Manuel Bandeira recita seu Vou-me Embora para Pasárgada. Trecho do filme "O poeta do castelo", de Joaquim Pedro de Andrade - 1959.
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Acho este poema muito interessante, de toque modernista, alimenta o homem para realidades diferentes, promete-lhe uma vida em liberdade, na busca do paraíso onde tudo é permitido. O homem sedento de fuga procura refúgio em Pasárgada, que existiu no tempo do império persa !!!...
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Acho este poema muito interessante, de toque modernista, alimenta o homem para realidades diferentes, promete-lhe uma vida em liberdade, na busca do paraíso onde tudo é permitido. O homem sedento de fuga procura refúgio em Pasárgada, que existiu no tempo do império persa !!!...
Beijo Conde
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