Para haver Natal este natal
talvez seja preciso reaprendermos
coisas tão simples!
Que as mãos preocupadas
com embrulhos
esquecem outros gestos de amor.
Que os votos rotineiros que trocamos
calam conversas que nos fariam melhor.
Que os símbolos apenas se amontoam
e soltam uma música triste
quando já não dizem
aquela verdade profunda.
Para haver Natal este natal
talvez seja preciso recordar
que as vidas começam e recomeçam
e tudo isso é nascimento (logo, Natal!).
Que as esperanças ganham sentido
quando se tornam caminhos e passos.
Que para lá das janelas cerradas
há estrelas que luzem
e há a imensidão do céu.
Talvez nos bastem coisas afinal
tão simples:
o alento dos reencontros autênticos,
a oração como confiança soletrada,
a certeza de que Jesus nasce em cada ano,
para que o nosso natal alguma vez, esta vez,
seja Natal.
José Tolentino Mendonça
2 comentários:
Um Homem de vulto intelectual notável.
Um dos maiores poetas contemporâneos.
Muito bem lembrado,nesta quadra.Excelente texto!
Poeta, Sacerdote e Professor, a viver no Vaticano, defende que a poesia é a arte de resistir ao seu tempo !!!...
BOAS FESTAS AMIGO !!!...
BEIJO CONDE
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