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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Joana Margarida

 

Retirei tapetes e cortinas,
as mesas nas quais há muito não como nem escrevo.
Tirei os quadros e pintei os muros
para apagar as marcas de tantos anos.
Guardei alguns livros. Sei bem quais.
Destruí cartas de amor.
Silenciosos, os amores
são agora icebergs errantes do pensamento.
A casa, sem recantos para o medo, 
despe-me os olhos. Nem a esperança
perturbará a última morte.
Outra casa não há para os que amo.


Joana Margarida




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