Vegetal e Só
É outono, desprende-te de mim.
Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem encontros marcados,
sem cartas a responder.
Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto do verão,
o rosto antigo do verão,
sem nenhum rumor de lágrimas
nas pálpebras acesas.
Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como um rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.
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