Eugénio de Andrade
Pseudónimo de José Fontinhas Rato. Poeta português nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923.
“Passamos pelas coisas sem as ver,
Gastos, como animais envelhecidos:
Se alguém chama por nós não respondemos,
Se alguém nos pede amor não estremecemos,
Como frutos de sombra sem sabor
Vamos caindo no chão, apodrecidos.”
MADRIGAL
“Tu já tinhas um nome, e eu
Não sabia se eras fonte ou brisa ou mar ou flor
Nos meus versos chamar-te-ei amor”
FRENTE A FRENTE
“Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
Contra a carícia da espuma,
Contra a luz, nada podeis,
- e é tão pouco!
AS PALAVRAS
Orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
Barcos ou beijos,
As águas estremecem.
Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
Verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta?
Quem as recolhe, assim,
Cruéis desfeitas
Nas suas conchas puras.
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