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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Hamilton Ramos Afonso

 Meia dose de ternura

*

*
Apesar de aspirar a ser intenso,
a não perder a capacidade de dar
e receber ternura, carinho e alimentar o fogo da paixão ,
bastou-me a meia dose de ternura
que , generosamente, me servias…
Por elas descuidei a inspiração
abandonei a escrita,
deixei projectos a meio,
para me render ,
me dar por inteiro de forma intensa,
dando-me por completo a ti
em troca das migalhas da tua ternura…
Chegada a noite ocupada pela ausência ,
entreguei-me à recordação do abraço da tua voz
ao perfume a flores do teu corpo
e das tuas mãos agora ausentes
que me entregavam sempre a meia dose de ternura
que se soltava do teu corpo e da tua alma…
…e das minhas mãos hoje vazias
jorram pérolas de água e sal
que escorrem do meu rosto ,
onde teima em persistir o sorriso
mesmo à míngua dessa parca porção de ternura

Hamilton Ramos Afonso




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