17 de Abril
Hoje, neste 17 de abril,
Talvez eu não responda por mim.
Quem sabe seja
o efeito da cerveja,
a sensação de que já vivi,
dez mil anos atrás,
e, agora, já não vivo mais
ainda que meu sangue
esteja correndo
e o coração acelerado
me chamando de culpado
por não ter as onze mil virgens
prometidas para o paraíso,
aqui, na terra nunca prometida
e sempre amada.
Continuo a ter a sensação
de ser tão puro
quando cantava nos corais de igreja
e tinha certeza,
menino na fé ungido,
que seria protegido,
quando dizia Deus me proteja.
Com a crença forte
de que prolongava a vida dos seus
e abreviava a dos ímpios,
não temia a morte,
bem sabia que mil poderiam cair do meu lado,
dez mil à minha direita,
nada me atingiria.
Hoje ainda,
antes de deitar,
hei de rezar
para o meu anjo da guarda,
mas o que está a me perturbar,
lembrando de você,
é que sinto uma vontade danada
de pecar!
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