Seguidores

terça-feira, 22 de abril de 2025

O PAPA..............

 

Apr

Foto: Pablo Leguizamon/AP


Morreu Jorge Mario Bergoglio, o Argentino que, sob o nome de Francisco, assumiu a cadeira de Pedro e presidiu à Comunhão das Igrejas. 

Aquando da sua eleição para presidir aos destinos da Igreja, escrevi: "A Igreja necessita, rapidamente, de sair da reclusão a que se confinou entre as paredes da Cidade Eterna. Com o meu bom amigo Leonel Oliveira, da Comunidade de Fradelos, descobri o sentido teologal da “Esperança”, essa sobre a qual Charles Péguy escreveu: “La foi que j’aime le mieux, dit Dieu, c’est l’espérance […] Cette petite fille espérance. Immortelle." Hoje, mais do que nunca, urge revisitar Péguy." 

Francisco renovou essa Esperança, fundada nos actos que deram forma ao seu sentido pastoral - a sua primeira visita foi Lampedusa, a ilha dos refugiados e dos despojados - e na vontade de recuperar o processo de "aggiornamento" iniciado pelo bom João XXIII no Concílio Vaticano II. Nos gestos de Francisco encontrei, sobretudo, a busca da simplicidade e da dimensão humana que caracterizaram Aquele que lhe servia de exemplo. 

Francisco partiu após a celebração da Páscoa que marca a passagem da morte para a vida. Na benção Urbi et Orbi de ontem, deixou-nos uma última mensagem perpassada por essa mesma Esperança: "Graças a Cristo crucificado e ressuscitado, a esperança não engana! Spes non confundit!. E não se trata duma esperança evasiva, mas comprometida; não é alienante, mas responsabilizadora”, que nos convoca a sermos “peregrinos de esperança". Dir-se-ia que as suas derradeiras palavras na benção de ontem foram um prenúncio: "Entreguemo-nos a Ele, o único que pode renovar todas as coisas.” 

Sobreviveu à Travessia do Deserto quaresmal e à noite da Paixão, projectando-se morte adentro na Luz do Círio Pascal. A pneumonia roubou-lhe um pulmão e por fim a vida, mas a sua vida é uma expressão da pneumatologia do teólogo Yves Congar: uma vida repleta de gestos perpassados pela "inefáveis gemidos do Espírito", Esse que Congar dizia “agir fora dos limites visíveis e oficiais da Igreja”. 

Recordá-lo-ei como um exemplo supremo de Luz e do “ruah” que acredito habitar o corpo místico de Cristo: um homem do mundo, atento aos Sinais do Tempo. 


RA

Sem comentários: