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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

DANÇAS

 

DANÇAS



O teu olhar tantas vezes me disse,

por vezes de modo profundo,

como se preocupar era tolice

pelas mudanças e voltas do mundo.


Tua voz, para mim uma melodia,
ainda soa, no presente, rouca,
porém sumiu no tempo, um dia,
levando o gosto doce de tua boca.

Tuas mãos que, em vão, procuro
não me seguram mais sempre a teu lado
e acordo assombrado no escuro
me perguntando o que deu errado.

É no vinho que a lucidez me invade
e lembro do teu corpo, da felicidade,
de dias e noites, da inesgotável sede
de tanto amor, sem culpa nem maldade.

E sem amor, sem paixão, amor na vida
me vendo no espelho como sou
lamento o tempo e a paixão perdida
e o amor puro que jamais acabou.

(De "Jardim Dizpersivo", Editora Per Se, 2013).

Ilustração: Diocese de Amparo. 

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