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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Dulce María Loynaz

 

JUN

Sobre a minha boca está a tua mão: a tua mão tépida, dura...
Infinitamente doce. (Através dos teus dedos escorre a canção 
rompida como água entre as fissuras de uma pedra.) 
Sobre o meu coração está a tua mão: pequena lousa macia. 
(Em baixo, o coração aquieta-se pouco a pouco.) 
Na minha cabeça, a tua mão: o pensamento - chumbo fundido 
que no seu molde adquire a forma afilada e recta, recta dos 
teus dedos. 
Nos meus pés, também as tuas mãos: anéis de ouro fino...
As tuas mãos delicadas e fortes, delicadas e firmes como as mãos 
de um rei-menino. 
(Os caminhos apagam-se na erva alta...) 
Nos meus pés, as tuas mãos. Nas minhas mãos, as tuas mãos. 
Na minha vida e na minha morte, as tuas mãos. 
As tuas mãos, que não apertam nem imploram, que não
sujeitam, nem golpeiam, nem tremem. 
As tuas mãos, que não se crispam, que não se esticam, que 
não são mais do que isso, as tuas mãos, e porém toda a minha 
paisagem e todo o meu horizonte...
Horizonte de quarenta centímetros, onde entornei o meu 
mar de tempestades!


Dulce María Loynaz 






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