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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Manuel Bandeira



(dos) mergulhos...
Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -

Brilham). Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua...

Manuel Bandeira
Photo: Man Ray  

A imagem pode conter: água

4 comentários:

mariferrot disse...

Manuel Bandeira é um digno representante da cultura brasileira, com grande destaque na literatura onde sempre esteve desde a 1ª geração modernista !!!... Bj Conde <3

Fatima maria disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Fatima maria disse...

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Fatima maria disse...

Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.