Seguidores

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Louis Aragon (tradução Rui Amaral Mendes)






Photo: Josef Koudelka





























Dans le ciel gris des anges de faïence 
Dans le ciel gris des sanglots étouffés
Il me souvient de ces jours de Mayence
Dans le Rhin noir pleuraient des filles-fées 

On trouvait parfois au fond des ruelles 
Un soldat tué d'un coup de couteau 
On trouvait parfois cette paix cruelle 
Malgré le jeune vin blanc des coteaux 

J'ai bu l'alcool transparent des cerises 
J'ai bu les serments échangés tout bas 
Qu'ils étaient beaux les palais les églises 
J'avais vingt ans Je ne comprenais pas 

Qu'est-ce que je savais de la défaite 
Quand ton pays est amour défendu 
Quand il te faut la voix des faux-prophètes 
Pour redonner vie à l'espoir perdu 

Il me souvient de chansons qui m'émurent 
Il me souvient des signes à la craie 
Qu'on découvrait au matin sur les murs 
Sans en pouvoir déchiffrer les secrets 

Qui peut dire où la mémoire commence 
Qui peut dire où le temps présent finit 
Où le passé rejoindra la romance 
Où le malheur n'est qu'un papier jauni 

Comme l'enfant surprit parmi ses rêves 
Les regards bleus des vaincus sont gênants 
Le pas des pelotons à la relève 
Faisait frémir le silence rhénan.


Louis Aragon


Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro 
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz 
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas

Encontrávamos por vezes no fim dos becos 

Um soldado morto pelo golpe de uma faca 
Encontrávamos por vezes essa paz cruel
Apesar do vinho branco novo nas colinas 

Bebi o álcool transparente do licor das cerejas 
Bebi aqueles juramentos murmurados 
Como eram belos os palácios as igrejas 
Tinha vinte anos Nada compreendia 

Que sabia eu então de derrota 
Quando o teu país surgia como um amor proibido 
Quando ansiavas pela voz dos falsos profetas 
Para trazer de volta a esperança perdida 

Lembro-me de músicas que me tocavam 
Lembro-me dos sinais feito com giz 
Que descobríamos de manhã nas paredes 
Sem saber decifrar os seus segredos 

Quem poderá dizer onde começa a memória
Quem poderá dizer onde termina o tempo presente 
Onde o passado tomará o romance 
Onde a desgraça não passará já de um papel amarelado 

Tal como a criança surpreendida pelos seus sonhos 
Os olhares melancólicos dos vencidos permaneciam inquietos
Aos passos do render da guarda
Que faziam estremecer o silêncio do Reno.



Louis Aragon (tradução Rui Amaral Mendes)



3 comentários:

mariferrot disse...

Louis Aragon, Poeta Francês de pensamento impulsivo que entra no âmago do subconsciente, desvalorizando os limites da razão. Muito escreveu e por várias correntes passou deixando marca no surrealismo !!!... Bj Conde <3

Fatima maria disse...

Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas

bj..

Fatima maria disse...

Sob o céu cinzento com os seus anjos de barro
Sob o céu cinzento com os seus soluços abafados
Recordo aqueles dias em Mainz
Onde junto ao negro Reno choravam as pequenas fadas

bj.