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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Fernando Pinto do Amaral







  1. Queria roubar ao céu a luz do dia 
    e oferecer-ta agora, enquanto passam 
    as aves e o vento 
    arrasta um "rio de nuvens" infelizes 
    a caminho da noite. A primavera 
    põe um sorriso em cada verso, quando 
    floresce no meu sangue o mais divino 
    arrepio. Estou só, 
    mas sei que existe algures uma estrela 
    ainda por nascer. 

    De silêncio em silêncio 
    cintilam as imagens que deixaste 
    a arder sobre os meus olhos, cuja cinza 
    abraça este crepúsculo e regressa 
    ao coração. Entre a folhagem 
    palpita a voz do sol, estremece ainda 
    a pura melodia do seu fogo 
    quase em segredo 
    - esse primeiro sonho de que é feita 
    a memória dos deuses no teu rosto.


    Fernando Pinto do Amaral

1 comentário:

adry disse...

Este é um poema repleto de beleza visual e sensorial.

Combina o cósmico com o íntimo, e procura um sentido,uma busca,uma conexão à transitoriedade da existência.
Saudade que pode doer,mas que mantém a esperança no devir,pela sua inerente fragilidade.
Bjos.
ADRY