Outra vez Lara López
DOMO
Lara López
CÚPULA
Átomos. Um cosmos. A eternidade do atrito.
Dizia verão e eu entendia verão.
Como qualquer casal em qualquer século,
tecido conjuntivo. Dizia poema
e eu lia poema. O mar na janela, a breve
ronco depois do sexo, areia e o cuidado.
Furacões enredando-se nos versos
de um mundo que era uma prisão da alma.
Me quis. Não recordo seu nome. Disse medo
e construiu um lugar. Assistimos as estações
enrugarem-se, encanecer o minotauro.
Polimos as esferas. Desenhamos um idioma.
Nos quisemos com pavor, como se querem
Sempre os amantes. Agitaram a bola.
A neve caiu. E choramos o resto
da noite para a qual não sabíamos como voltar.
Ilustração: Pousadas Top Brasil.
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