SONETO DE COMPANHIA
falo às vezes do amor, dos seus dilemas,
e das noites de insónia em que me viro
para um e outro lado, mas prefiro
que o próprio amor escreva os meus poemas.
e das noites de insónia em que me viro
para um e outro lado, mas prefiro
que o próprio amor escreva os meus poemas.
se o faz, à própria vida é que retiro
casos por mim passados e outros temas,
para depois usar estratagemas
de mentira e verdade e lhes adiro.
casos por mim passados e outros temas,
para depois usar estratagemas
de mentira e verdade e lhes adiro.
e então digo e desdigo e contradigo
o dito e o não dito, e deixo o gosto
das entrelinhas do que não consigo
o dito e o não dito, e deixo o gosto
das entrelinhas do que não consigo
dizer de outra maneira e é suposto
andar a vida toda em mim, comigo:
e assim falo do amor e do teu rosto.
andar a vida toda em mim, comigo:
e assim falo do amor e do teu rosto.
VASCO GRAÇA MOURA,
Em O RETRATO DE FRANCISCA MATROCO E OUTROS POEMAS (1998), Em POESIA REUNIDA, 2, (Quetzal, 2012)
Sem comentários:
Enviar um comentário