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terça-feira, 29 de maio de 2012

Última Canção





Se puderes ainda
Fotografia por Armenio Lopes
ouve-me, rio de cristal, ave
matutina. ouve-me,
luminoso fio tecido pela neve,
esquivo e sempre adiado
aceno do paraíso.
Ouve-me, se puderes ainda,
Devastador desejo,
fulvo animal de alegria.
Se não és alucinação
ou miragem ou quimera, ouve-me
ainda: vem agora
e não na hora da nossa morte
- dá-me a beber a própria sede.


Eugénio de Andrade

2 comentários:

disse...

Se não és alucinação
ou miragem ou quimera, ouve-me
ainda:

Será sempre uma realidade, ainda que pertença ao passado foi uma realidade

Gosto.... beijos CONDE

disse...

Ouve-me, se puderes ainda,
Devastador desejo,

Devastador por ter tanto de perfeito como de intenso e real.

Adorei......beijos..... CONDE