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domingo, 14 de julho de 2024

Nuno Júdice

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  1. Aprendo com as mãos a gramática do teu corpo, 
    separando orações e dividindo sílabas. Atravesso 
    a conjugação dos teus seios, perco-me no gerúndio 
    dos teus cabelos, erro, por vezes, no enunciado 
    dos verbos. Mas aceito as tuas emendas, e volto 
    ao princípio da frase quando me dizes que tenho 
    de voltar a pôr acentos e vírgulas, ou que me 
    enganei nos complementos. Com efeito, não é 
    fácil esta gramática que percorre a língua 
    do amor, a única que não precisa de 
    dicionários e que, por vezes, nem precisa 
    de palavras. "Então", perguntas, "para que serve 
    todo este trabalho?" Mas quando te respondo 
    que tudo tem de ser feito segundo as regras, 
    e que nem a gramática do amor as dispensa, 
    vais ao quadro e apagas tudo o que lá estava, 
    para recomeçarmos, como se ainda não soubéssemos 
    como se enche o quadro branco.


    Nuno Júdice



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