- Aprendo com as mãos a gramática do teu corpo,separando orações e dividindo sílabas. Atravessoa conjugação dos teus seios, perco-me no gerúndiodos teus cabelos, erro, por vezes, no enunciadodos verbos. Mas aceito as tuas emendas, e voltoao princípio da frase quando me dizes que tenhode voltar a pôr acentos e vírgulas, ou que meenganei nos complementos. Com efeito, não éfácil esta gramática que percorre a línguado amor, a única que não precisa dedicionários e que, por vezes, nem precisade palavras. "Então", perguntas, "para que servetodo este trabalho?" Mas quando te respondoque tudo tem de ser feito segundo as regras,e que nem a gramática do amor as dispensa,vais ao quadro e apagas tudo o que lá estava,para recomeçarmos, como se ainda não soubéssemoscomo se enche o quadro branco.Nuno Júdice
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domingo, 14 de julho de 2024
Nuno Júdice
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