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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

O ramalhete rubro das papoulas! Cesário Verde

 DE TARDE

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde




1 comentário:

mariferrot disse...

A beleza romântica de Cesário Verde, o seu apego à natureza, o destaque simples da autenticidade com singelas papoilas celebrando o amor !!!...

Muito Bonito !!!...

Beijo Conde