Sábado, Novembro 17, 2012
Uma lâmina de arAtravessando as portas. Um arco,Uma flecha cravada no outono. E a cançãoQue fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo comoUma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristezaQuando saio para a rua, molhado, como um pássaro.Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe seDa minha revolta última. Ou do teu nome que repito.Hoje há soldados, eléctricos. Uma paredeCumprimenta o sol. Procura-se viver.Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-seComo se, de repente, não houvesse mais nada senãoA imperiosa ordem de (se) amarem.Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.Não há um nome para a tua ausência. Há um muroQue os meus olhos derrubam. Um estranho vinhoQue a minha boca recusa. É outono.A pouco a pouco despem-se as palavras.
Nuno Júdice
2 comentários:
Ausência no olhar... mas no coração... presença constante!
Beijocas.
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.........Beijinhos Conde.....
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