Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"
fotografia: miguel atalaia
2 comentários:
Falei de tudo quanto amei.
Quando o amor nasce tudo desperta em nós, tudo é lindo, tal como este poema que deslumbra de tanta beleza.
Beijos achocolatados.....CONDE
Outro lindissimo poema!!!!!!!!!
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
Beijo,carinhoso!!
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