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quarta-feira, 23 de março de 2011

BOCA




A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

Eugénio de Andrade

2 comentários:

Feiticeira disse...

Bom dia !

Hum ! Logo sedo um poema tão quente e gostoso.
Eugênio de Andrade sempre tão certo.

Beijo na boca, com certeza

Feiticeira disse...

Perdão

Foi sono, escrever cedo, com s, perdão