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quinta-feira, 31 de julho de 2014

maria helena guimarães //// vem meu amigo


 ...
Vem, senta-te a meu lado, meu amigo
neste silêncio verde de floresta.
Senta-te aqui , quero  falar contigo
do que nosso amor, tão breve , resta.

Recordas-te daquela tarde linda
em que o sol punha na terra matiz ?
Beijaste-me a boca, em ternura infinda
e nos teus braços eu fui tão feliz.

Escorria alegria dos meus olhos
quando , percorrendo só esses caminhos
sabia, que para lá desses escolhos
estavas tu , querendo meus carinhos.

Queimavam de prazer os meus sentidos
quando , inibriada nos teus olhos ternos,
nos corpos ardendo, já perdidos,
trocavamos , na tarde , amores eternos.

Agora percorro só esses caminhos.
Nos meus olhos não há já alegria,
já não há prazer, não há carinhos,
somente a dor e a nostalgia


Maria Helena Guimaraes

do livro " Intimidades " /// 1994.




Foto: POEMA 

VEM MEU AMIGO

De : maria helena guimarães

Vem, senta-te a meu lado, meu amigo
neste silêncio verde de floresta.
Senta-te aqui , quer falar contigo
do que nosso amor, tão breve , resta.

Recordas-te daquela tarde  linda
em que o sol punha na terra matiz ?
Beijaste-me a boca, em ternura infinda
e nos teus braços eu fui tão feliz.

Escorria alegria dos meus olhos
quando , percorrendo só esses caminhos
sabia, que para lá desses escolhos
estavas tu , querendo meus carinhos.

Queimavam de prazer os meus sentidos
quando , inibriada nos  teus olhos  ternos,
nos corpos ardendo, já perdidos,
trocavamos , na tarde , amores eternos.

Agora percorro só esses caminhos.
Nos meus olhos não há já alegria,
já não há prazer, não há carinhos,
somente a dor e a nostalgia

Maria Helena Guimaraes

do livro " Intimidades " /// 1994.

Nos meus olhos não há já alegria


 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

(Maria Eugénia Cunhal) //// Silêncio de vidro



Há quem creia em Deus e o veja em toda a parte.
Eu acredito em ti
E vejo-te em tudo o que na vida me dá profundo gosto de viver,
Tudo o que me sorri
E também em tudo o que me faz sofrer.

Vejo-te na recordação da minha infância
- Menino que sonhava estrelas iguais às minhas –
E no despontar das manhãs claras,
Quando o mundo era cheio de mistérios
E cada coisa uma interrogação.
Crescemos juntos sem nos conhecermos,
Mas quando nos cruzámos por acaso
Eu soube que eras tu.

(Maria Eugénia Cunhal)

Arte: Igor Zenin -
 
Foto: Silêncio de vidro    (Maria Eugénia Cunhal)    Há quem creia em Deus e o veja em toda a parte.  Eu acredito em ti  E vejo-te em tudo o que na vida me dá profundo gosto de viver,  Tudo o que me sorri  E também em tudo o que me faz sofrer.  Vejo-te na recordação da minha infância  - Menino que sonhava estrelas iguais às minhas –  E no despontar das manhãs claras,  Quando o mundo era cheio de mistérios  E cada coisa uma interrogação.  Crescemos juntos sem nos conhecermos,  Mas quando nos cruzámos por acaso  Eu soube que eras tu.    Arte: Igor Zenin - Tutt'Art@ (13)

Paula Raposo

Um dia refaço-me
de estrelas
e prendo as tuas mãos
nas minhas;
desdobro o manto
da poesia
em sonetos de esperança.
Um dia cantaremos
o uníssono do sonho.


Paula Raposo
 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Maria do Rosário Pedreira ///// Facto....

Nunca te esqueci - é este um amor maior
que atravessa a vida e resiste à cicatriz
do tempo. O que ontem me disseste agora
o ouço, como se nada tivesse interrompido
a magia do instante em que as nossas bocas
se aguardavam na distância de um beijo e
o olhar tocava o corpo antes da mão. Se

hoje vieres por esse livro que deixaste (e cuja
lombada acariciei todos os dias que durou a tua
ausência como uma nesga de sol acaricia
um rosto no Inverno), encontrarás a sopa a fumegar
na mesa, e a camisa engomada no cabide, e os
lençóis da cama imaculados, e um corpo pronto
para qualquer aventura - e ainda o cão deitado
à porta, à tua espera, como na véspera de partires.

Porque os anos não contam para quem assim ama.


Maria do Rosário Pedreira 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

João Luís Barreto Guimarães ///// Cicatriz....


Muitas vezes tenho passado pela frente
de tua casa
e encontro a porta fechada. Muitas vezes
no passado toquei para que descesses
era aqui de onde me amavas.
Agora recebe-me a porta cinzenta
e encerrada
só por um mero acaso se
abriria para mim.
Olho o prédio de fora. São
janelas sem legenda
saberia apontar certeiro com os olhos em riste
a que drena o teu quarto (persiana entreaberta para
o véu dos cortinados que
se afastavam se querias apenas
"mais um minuto".
Rasguei as tuas cartas todas. Tenho andado a relê-las
(sempre gostamos de puzzles) e
a foto a preto e branco perdida numa gaveta
fixa agora o sorriso ictérico do tempo.
Dentro
escutam-se vozes. Outro apareceu para jantar.
O sino da torre da igreja desperta
da anestesia
não quero que a memória sobre a ferida
corte fundo. O
doutor tinha avisado
as feridas mais profundas deixam sempre
cicatriz.



João Luís Barreto Guimarães
 
 
 
 
 

sábado, 26 de julho de 2014

Federico Garcia Lorca //// Se as Minhas Mãos Pudessem Desfolhar




Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante
que todas as estrelas
e mais dolente
que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem

desfolhar a lua!


Federico Garcia Lorca

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Silvia Chueire ///// Manifesto...

falo-te em voz muito baixa,
não crio sonoplastias inúteis,
nem falo num tom monocórdico.

há uma vida a ser vivida,
quando abrirmos os olhos
estarão prestes a fechar-se novamente.
falo-te da minha angústia,
do meu amor,
a entregar-te meu sonho
e minha realidade.

há coisas demasiado preciosas
para que as deixemos passar ao largo.
momentos breves
nos quais colhemos uma lágrima,
um grito,
um riso,
um corpo.

minutos a encher-nos as mãos
de significado que não sabíamos.
falo-te de não nos rendermos ao medo.

o tempo não nos pergunta nada.
é magnífico e passa.
as palavras são uma casa
ou um punhal.

quando te dôo as minhas palavras
é para que as tomes como tuas,
faças delas abrigo,
procures-te nas perguntas,
percas-te nas afirmações.
para que te dispas
e as deixes penetrar na tua pele.

falo-te em voz baixa
para que me ouças.
tudo o que te digo é um sentido.


Silvia Chueire 
 
 
 
 
 

Francisco Valverde Arsénio ////// Gosto de ti.....

Gosto de ti
e das marcas do teu rosto
na almofada da minha cama;

Gosto de ti
e do teu sorriso sereno
adormecido nos lábios;
Gosto de ti
quando nos momentos de paixão e abandono
me desenhas na tua pele;
Gosto de ti
quando vagueias à sombra das laranjeiras
e as folhas caem no chão como poemas;

Gosto de ti e de ser eu… em ti.


Francisco Valverde Arsénio (2011)
 
 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Paula Raposo //// Por ti....


Damos as mãos, em simultâneo,
nem sequer nos olhamos,
basta o tacto, e esse calor
húmido que me inebria.

Quero sentir-te,
fervilhar no afago da tua mão,
e derreter-me nas mãos do nosso amor.

Não me deixes,
segura-me ainda,
aperta-me, enlouquece-me;
desliza pelo meu corpo
que te espera, entra em mim.

Deixa que eu me entregue
pelo tempo que o tempo dura,
vive por mim, em mim,
o momento de ser tua.


Paula Raposo in ' canela e erva doce' , pág.11, 2006 - Magna Editora
 
 
 
 

Natalia Juskiewicz com a "Canção do Mar", numa abordagem ao fado através do violino.









Canção do mar  ////  Dulce Pontes


De Laura Santos :


A-mar Aqui



Aqui
Onde a hora tão cedo em claridade se acendeu
bailarina vibrante, fugaz, solta e deslumbrante
que a breve madrugada na penumbra concebeu,
é ocre a cor dos mastros na parede das casas.
E a lágrima dos meus olhos cai neste instante,
evapora-se em sal como cristais de sede e
cria asas.

Aqui
Local de estevas, calcário, urze e medronheiro,
corridinho estonteante, alegres e tristes fados,
todo o sonho acorda permanente e passageiro.
Pequenos, médios, e grandes peixes prateados
saltam como pérolas agonizantes na traineira,
das redes da faina em rústicos cestos de vime
derramados.

Aqui
O Inverno exibe a luz roubada do Verão,
o sacrifício das gentes é dádiva que tece
presentes de contentamento e comunhão.
Inventam-se castelos e moiras na bruma,
contos de mistério, trova que desaparece
escrita em areia, ondas, sargaço, fresca
espuma.

Aqui
Onde o luto se veste da cabeça aos pés,
o som das concertinas desce pela serra
e as cegonhas fazem lar nas chaminés
enquanto o sol cobre de ouro os laranjais.
A fé desliza velozmente dos céus à terra
por longa trança de luar oculta nos densos
matagais.

Aqui
Onde o amor se fez veleiro vagabundo,
velas a todo o pano abandonam o cais
embriagadas de viagem e azul profundo
desbravando o etéreo rasto das gaivotas.
Alheias a tormentas, ocasos e vendavais
traçam no vento as coordenadas de todas
as rotas.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

valter hugo mãe //// Tudo.....


devo dizer-te que acredito
seriamente termos tudo
para uma felicidade eterna

já passei do tempo em que
as coisas me pareciam distantes
e sem importância

tua sabes que me interessavam
as ideias mais complexas e uma
certa angústia existencial

agora admito que me ocupam as
pequenas coisas, como o
silêncio perto de ti

esse alheamento de tudo o
resto que me convence de que
contigo me completo

talvez tenhas algo a dizer
sobre isso. talvez mo digas.
por isso te espero com ansiedade

se vieres simplesmente, sem que to
peça, como tem acontecido,
juro que serei teu para sempre.



valter hugo mãe   Marcos Pitombo [homens bons!] - operação tapa-buraco! - Fotolog
 
 
 
 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Ruy Belo ///// "" TU estás aqui....."""

[...]
tu és em cada gesto todos os teus gestos

e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como
a palavra paz
Deixa-te estar aqui
[...]
prossegue nos gestos
não pares
procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás
de maneira a poder dizer
sou isto é certo
mas sei que tu estás aqui


Ruy Belo   





segunda-feira, 21 de julho de 2014

Maria Alberta Menéres ///// As pedras





As pedras falam? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós?
O que de nós pensarão?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou:
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.

As pedras falam? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.

Maria Alberta Menéres

Florbela Espanca //// Noite de saudade....


 

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura ...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura ...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura ...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão escura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem ...
Talvez de ti, ó Noite! ... Ou de ninguém! ...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!


Florbela Espanca

domingo, 20 de julho de 2014

Maria do Rosário Pedreira


Depois.....


Amei-te como como na vida se ama uma só vez;
e todos os afectos que dividi depois eram
apenas cinzas que evocavam o brilho dessa
imensa chama. Troquei suspiros e beijos

com muitas outras bocas quando, na minha,
o travo da solidão era uma amarga desculpa
para repartir o pouco que não tinha; mas

em nenhuma quis morder fruto mais
suculento que o silêncio nem permiti que
pousasse sequer o meu nome verdadeiro -
que só nos teus lábios era graça e canção

e eco de loucura. Foi o meu corpo tão vão
naqueles que o cingiram que me faria velho
a tentar recordar-lhe os gestos hesitantes,
as convulsões da pressa e os veios de sal
descreviam no litoral da pele o aviso de uma
paisagem interior abandonada. Mas de nada

me serviu amar-te assim - pois, ao dizer-te o
que não pude ser longe de ti, digo-te o que sou
e isso há-de guardar-te para sempre de voltares.



Maria do Rosário Pedreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 19 de julho de 2014

valter hugo mãe /// Calor interior ...


Às vezes perco-me nos caminhos que
conheço. Adormeço nos ruídos do
mundo sonhando banalidades
enquanto sou feliz. Sempre que
falho e fecho os olhos, imagino
outra pessoa perto de mim aquecendo as
mãos no calor do meu corpo como nas labaredas
de uma pequena fogueira



valter hugo mãe 
 
 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Laura Santos // DANÇA





Que eu dance
a valsa perdida dentro de mim.
Que eu a lance
em andamento sem fim.
Que eu seja leve
em penas de cetim
e transporte nos espaços
desenho breve.
Leve tão leve
que permita
elevar nos meus braços
esta alma que se agita.
Traçar nos meus passos
utopia que não caia
por maior que seja a vaia.
Que eu dance no vento
liberta ave
essa valsa suave
do meu pensamento.
E quando o meu corpo parar
que a valsa bailada
se eleve
grácil sonho breve
e comece a voar.
Que suba bem alto
dance por um momento
esquecido de sobressalto
enquanto o meu corpo
palco em movimento
jaz
e atrás da cortina, sereno
encontre
paz. 
 
Laura Santos / blog escrito no vento
 
 Svetlana Zakharova e a "Morte do Cisne"
 
 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

António Ramos Rosa //// Quero......

Quero dormir na água das palavras
que amam o silêncio
e a lentidão da luz
que é o fulgor de uma evidência indecifrável

Quero ser a concha do ingénuo sossego
de uma flor branca
com o monótono murmúrio
de uma respiração solar

Quero ser o ouvido de veludo
de um insecto azul
e quero beber linfa do olvido
numa boca de argila
para sentir a monotonia ardente
da garganta da terra



António Ramos Rosa
 
 
 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Maria Teresa De Noronha /// Fado das horas





Fado das horas
Voltar a ouvir Maria Teresa de Noronha é sempre um prazer, agora com música de seu marido, canta uma letra dum dos seus poetas preferidos D.António de Bragança


Chorava por te não ver,
por te ver eu choro agora,
mas choro só por querer,
querer ver-te a toda a hora.

Passa o tempo de corrida,
quando falas eu te escuto,
nas horas da nossa vida,
cada hora é um minuto.

Quando estás a ao pé de mim,
sinto-me dona do mundo.
mas o tempo é tão ruim,
tem cada hora um segundo.

Deixa-te de estar a meu lado
e não mais te vás embora
para meu coração coitado
viver na vida uma hora

terça-feira, 15 de julho de 2014

Laura Zavaleta //// Ausencia tuya

 


Ausencia tuya

 

Aquí colgada de mi oreja
está la huella de tu boca
es una sombra de metal celeste
que sopla un viento com su proprio frio.

Soy un paraíso de mi mesma
y a veces a música me morde
debajo de toda mi ropa
debajo de todas mi palabras que son sólo deseo
y ausencia tua a la par mía.

Tua ausência

Aqui pendurado em minha orelha
está o rastro de tua boca
é uma sombra de metal celeste
que sopra um vento seu próprio frio.

Sou um paraíso de mim mesmo
e, às vezes, a música me morde
debaixo de todas as minhas roupas
debaixo de todas as minhas palavras que são só desejo
e ausência tua ao lado da minha.

Edgar Alfaro Chaverri /// Yo pecador



Yo pecador
 

Yo pecador confieso que te amo
como loco que não alcanza el fuego
el incendio de tu pelo....

El infierno se cuaja entre las mano
y no hay cielo que sin ti me reconozca...

Brasas brotam de tus ojos
y no hay luna que acompañe mi aullido...

La noite quema círios invisibles
y un ángel com tu nombre
me ha besado.....

Eu pecador

Eu pecador confesso que te amo
como um louco que não alcança o fogo
o incêndio dos teus pelos ....

O inferno se coalha entre as mãos
e não há céu que sem ti me reconheça ...

Brasas brotam de teus olhos
e não há lua para acompanhar meu gemido ...

A noite queima velas invisíveis
e um anjo com teu nome
me beijou .....

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Helena Guimarães //// Saudades

 

Esta saudade está
a transformar-se em ânsia
que me dói,
me corrói,
me faz cair em fantasia
quando,ao nascer do dia,
deitada na minha cama,
relembro as tuas mãos
a explorar-me o corpo,
o teu olhar absorto,
perdido dentro do meu,
tua boca no meu peito,
e todo aquele teu jeito
de procurares o carinho,
o cabelo em desalinho
macio entre os meus dedos,
esvaziando os meus medos
destruindo a solidão!
Amo-te!!!

Helena Guimarães (No livro:CONTIGO à LAREIRA) 2012

Maria Helena Guimaraes /// Inconstância




Foste como vieste
nas fronteiras de um desejo....

Ferveu a paixão no sangue,
correram rios nas faces
e sem que disso cuidasses
quedou-se a minha alma exangue.
Tiveste na mão o ensejo
de querer e não quiseste...

Corre-me o fogo nas veias,
soçobra meu pensamento
e no fumo do cigarro
esvai-se a ansiedade.
Procuro a tua verdade
na dúvida , meu tormento,
nesta torre sem ameias
que impus ao meu sentimento
sem a qual eu me desgarro...

Este infantil dilema
de querer e não querer,
é quase um teorema
difícil de resolver.
Quero-te , pede-me a ânsia
em que vivo hora a hora.
Mas esta terrível demora,
como um escopro de artista,
vai modelando na alma
o espectro da distânsia,
a realidade imprevista,
a dor, a resignação, a calma.

Teus olhos de areia...
Teus olhos doces de areia
quentes de sol e lonjura
traziam em si doçura
em vagas de maré cheia...
Ficaram presos nos meus
num minuto-eternidade.
E toda a claridade
se fundiu nos olhos teus.
Soçobrou meu sentimento
nesse areal de promessas
onde descanso sem pressas,
onde colho o meu alento...


Maria Helena Guimaraes

Do livro "" Contigo á lareira "" 2012
 
Foto: POEMA 

INCONSTÂNCIA 

Foste como vieste
 nas fronteiras de um desejo.
 Ferveu a paixão no sangue,
 correram rios nas faces
 e sem que disso cuidasses
 quedou-se a minha alma exangue.
 Tiveste na mão o ensejo
 de querer e não quiseste...
 
Corre-me o fogo nas veias,
 soçobra meu pensamento
 e no fumo do cigarro
 esvai-se a ansiedade.
 Procuro a tua verdade
 na dúvida , meu tormento,
 nesta torre sem ameias
 que impus ao meu sentimento
 sem a qual eu me desgarro...
 
Este infantil dilema
 de querer e não querer,
 é quase um teorema 
difícil de resolver.
 Quero-te , pede-me a ânsia
 em que vivo hora a hora.
 Mas esta terrível demora,
 como um escopro de artista,
 vai modelando na alma
 o espectro da distânsia,
 a realidade imprevista,
 a dor, a resignação, a calma.
 
Teus olhos de areia...
 Teus olhos doces de areia
quentes de sol e lonjura
 traziam em si doçura
 em vagas de maré cheia...
 Ficaram presos nos meus
 num minuto-eternidade.
 E toda a claridade
 se fundiu nos olhos teus.
 Soçobrou meu sentimento
 nesse areal de promessas
 onde descanso sem pressas,
 onde colho o meu alento...
 
Maria Helena Guimaraes
 
Do livro "" Contigo á lareira "" 2012
 

sábado, 12 de julho de 2014

Maria Helena Guimarães /// Quando tu vieste

Quando tu vieste
a primavera tinha passado já...

e a calma do verão preenchia
o diário da minha existência.

Mas de repente foi Março.
Março de jasmim e glicínias
enlaçando nossos corpos.

Foi Abril de rosas.
Botões a florir no regaço,
a desabrochar corolas perfumadas.

E foi Maio agreste.
Maio de lágrimas e granizo,
perfume agreste de giestas floridas.

Foi Março, foi Abril e foi Maio,
de lágrimas , de dor ,
de prazer , de comunhão , de amor.

Quando tu vieste...
Foi outra vez Primavera !


Braga 1997

Maria Helena Guimaraes 


Do livro " Manhãs de Setembro " // 1998

















Foto: POEMA

QUANDO TU VIESTE 

Quando tu vieste 
a primavera tinha passado já
e a calma do verão preenchia
o diário da minha existência.

Mas de repente foi Março.
Março de jasmim e glicénias
enlaçando nossos corpos.

Foi Abril de rosas.
Botões a florir no regaço,
a desabrochar corolas perfumadas.

E foi Maio agreste.
Maio de lágrimas e granizo,
perfume agreste de giestas floridas.

Foi Março, foi Abril e foi Maio,
de l´grimas , de dor ,
de prazer , de comunhão , de amor.

Quando tu vieste...
Foi outra vez Primavera !

Braga 1997

Maria Helena Guimaraes 

Do livro ""Manhãs de Setembro "" 1998

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Hamilton Afonso //// A Primavera em nós


A passagem
em nossas vidas
de gente bonita
que nos entende,
que nos acompanha,
que nos protege
que nos encanta
faz com que as nossas almas ,
as nossas vidas renasçam,
e nos livrem do frio inverno,
ou do nostálgico outono
que se instalam em tempos
no nosso quotidiano …

Há pessoas
que pela sua forma de estar ,
reverdescem
as cores castanhas outonais ,
ou as baças
e cinzentas telas
do inverno instalado,
aportando de novo a primavera
às nossas vidas,
com a esperança
, e as cores alegres das flores
a voltarem a colorir nossos dias…

Tu és uma dessas pessoas
e lembra-te
que foi a cor brilhante
do teu sorriso gaiato
que me despertou
para essa primavera,
voltando a dar-me razões
para gostar de a viver…

Sorriso que ,
vindo das terras de bruma ,
rompeu,
pujante
as brumas instaladas
nos meus dias
e insuflou de novo
o calor benéfico da Primavera
e as garridas cores da Esperança…
 
Hamilton Afonso
 
Foto: A Primavera em nós    Hamilton Afonso    A passagem   em nossas vidas  de gente bonita  que nos entende,  que nos acompanha,  que nos protege  que nos encanta  faz com que as nossas almas ,  as nossas vidas renasçam,   e nos livrem do frio inverno,  ou do nostálgico outono   que se instalam em tempos  no nosso quotidiano …    Há pessoas  que pela sua forma de estar ,  reverdescem  as cores castanhas outonais ,   ou as baças  e cinzentas telas   do inverno instalado,  aportando de novo a primavera   às nossas vidas,   com a esperança  , e as cores alegres das flores   a voltarem a colorir nossos dias…    Tu és uma dessas pessoas   e lembra-te   que foi a cor brilhante  do teu sorriso gaiato  que me despertou   para essa primavera,  voltando a dar-me razões   para gostar de a viver…    Sorriso que ,  vindo das terras de bruma ,  rompeu,   pujante  as brumas instaladas   nos meus dias   e insuflou de novo   o calor benéfico da Primavera   e as garridas cores da Esperança…
 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Élia Morais Araújo. /// Já não há flores

que deus te guarde e te faça FELIZ
 
 
 

Meu coração
me diz precisar de colo...

se tu aqui estivesses
não estaria
triste...

seriamos
composição
da fala
a face
que rompe
da terra
dos dedos
os esboços
acasos...

dos lábios
pétalas
que certamente
comporiam
o poema
que tarda
nas formas
curvilíneas
das ondas
loucas
imperfeitas
que assombram
brincam
às vezes...

é forte
mas também
frágil
o amor...



Élia Morais Araújo.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Helena guimarães /// MARÉ ALTA 2



Mergulhei no teu sorriso
vertigem, mosto, ribalta.
Mergulhei no teu sorriso,
maré alta maré alta.

Aninhei-me no teu peito.
Carinho em caixa-alta!
Aninhei-me no teu peito...

maré alta, maré alta.

Colhi braçados de beijos
onde o teu sabor ressalta.
Colhi braçados de beijos
maré alta, maré alta.

Comunguei-te por inteiro
nada sobra, nada falta.
Comunguei-te todo inteiro
maré alta, maré alta.

Helena Guimarães


  Foto: Vida efémera

Como é efémera a vida que vivemos.
Tão efémera , fugaz e contingente
que nos faz doer a alma em tal pensar.
Cremos ser eternos , que não morremos.
Pensamento que nos passa pela mente,
nesta ânsia da vida conquistar.
O dia se passa trabalhando
sempre mais e mais
continuado,
os limites forçando dia a dia.
A noite se perde em vão , tentando
num desvario inusitado
alcançar o prazer e a alegria.
E a vida se passa no vão tentar,
ultrapassando forças e razão
sem alcançar o pretendido.
Há sempre um vazio a completar,
há sempre uma tristeza sem razão
um amargo dum sonho destruído.
E a morte vem e não fizemos
nada , mesmo nada que queríamos ,
apanha-nos com a sensação do não vivido.
Não criamos nada , só vivemos !
E  o que realmente nós seríamos
fica a pairar , desconhecido

Maria Helena Guimarães 

Do livro " Intimidades "  1994
 
 

Chet Baker //// My foolish heart





Tradução

            A noite é como uma linda melodia, cuidado com meu coração insensato!
Como branca lua sempre constante, cuidar, meu coração insensato!
Há uma linha entre o amor e fascínio,
Isso é difícil de ver em uma noite como esta,
Para eles dão a mesma sensação.
Quando você está perdido na paixão de um beijo.
Seus lábios são muito próximo ao meu, cuidado com meu coração insensato!
Mas se os nossos lábios ávidos combinar, em seguida, deixar o início do fogo.
Desta vez não é o fascínio, ou um sonho que vai desaparecer e desmoronar,
É o amor desta vez, é o amor, o meu coração tolo!




Eugenio de Andrade //// Com as gaivotas

"Com as Gaivotas"

Eugénio de Andrade

Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.

Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou de um céu que tem gaivotas,
leve o diabo esta morte dia a dia.
 

Contente de me dar como as gaivotas...
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.

Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou de um céu que tem gaivotas,
leve o diabo esta morte dia a dia.



Eugenio de Andrade