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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tentei fugir da mancha mais escura



Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.

David Mourão-Ferreira


Foto:Jonathan Charles

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Talvez sejas o mar




Talvez sejas o mar e
eu vá descendo pelas pernas
azuis do teu corpo, como
a bola de fogo que se introduz mais dentro
nas linhas demasiadas do caderno
ou nos recônditos músculos
do oceano

João Ricardo Lopes


Foto:Eli

domingo, 29 de janeiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Jorge Carrera Andrade



Golondrinas

Jorge Carrera Andrade

Que me busquen mañana.
Hoy tengo cita con las golondrinas.
En las plumas mojadas por la primera lluvia
llega el mensaje fresco de los nidos celestes.
La luz anda buscando un escondite.
Las ventanas voltean páginas fulgurantes
que se apagan de pronto en vagas profecías.
Mi conciencia fue ayer un país fértil.
Hoy es campo de rocas.
Me resigno al silencio
pero comprendo el grito de los pájaros
el grito gris de angustia
ante la luz ahogada por la primera lluvia.

Andorinhas

Que me procurem amanhã.
Hoje eu tenho um encontro com as andorinhas.
Nas penas molhadas pela primeira chuva
chega a mensagem fresca dos ninhos celestes.
A luz anda buscando um esconderijo.
As janelas folheiam páginas fulgurantes
que se apagam em vagas profecias.
Minha consciência foi ontem um país fértil.
Hoje é campo de rochas.
Resigno-me ao silêncio,
porém, compreendo o grito das aves
o grito cinzento de angústia
ante a luz afogada pela primeira chuva.


Do Blog de Spersivo

guitarra velhinha......

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Anuncio fabuloso....

http://www.youtube.com/watch_popup?v=XVTga6GmbGw&vq=medium#t=74

Título: ERA FÁCIL


 ERA FÁCIL
Descrição:

Era fácil sair de mim

e colher o prazer.

Mas conto os dias,

as horas,

os segundos

nem sei para quê.

Acredito, não sei porquê,

que esta angústia,

esta dor,

esta ferida,

se esvai,

se adoça,

se cura.

Que este sentir não dura.

Mas os dias passam,

a angústia aperta,

a dor cresce,

a ferida afunda

e tudo à minha volta

sucumbe cinzento,

sem um alento,

no meu desvario

que me preenche,

me inunda.


De: helena guimaraes

Março 2003

modelo.....



I

Quero que poses para mim.

Encontrarei a palavra que exprima,
o que em meu sangue tumultua,
e a imponderável e secreta rima
que é só tua.

Serás minha obra-prima!
Serei o teu pintor. . .
Quero que poses para um poema, meu amor,
toda nua.

II

Quero que poses para um poema,
toda nua.

(Perdoa, meu amor. Bem estranha é a exigência
com certeza...)

Sou um humilde poeta moderno
que não confia na imaginação,
nem faz esta injustiça
à tua beleza!

J.G. de Araújo Jorge

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Houve uma Ilha em Ti Houve uma ilha em ti que eu conquistei.
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.

Que saudades do tempo que passei.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.

Só sei de mim, coberto de raízes.
Enterrei os momentos mais felizes.

Espelho de uma linda alma
Vivo agora na sombra a recordar.

A ilha que eu amei já não existe.
Agora amo o céu quando estou triste
por não saber do coração do mar.

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'



é por ti que....

É por Ti que Vivo Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva

Por ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata

Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto

Ah, que bom estar com você.

António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'
Tema(s): Amor





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quando te vi senti um puro tremor de primavera


Lovely


Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume
No meu sangue vogavam levemente
anénomas estrelas barcarolas
O silêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas
Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda
Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol

António Ramos Rosa

Tarde.....

.


O tempo se alimenta de beleza ...
é evidente nas mulheres e nas coisas
e é tão voraz e tão subtil seu passo lento
que enganados por sua suave persistência
sempre tarde compreendemos sua essência
da dor e da amargura que está naquilo
que podemos e não fizemos ...a beleza
que era nossa e não sabíamos.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Raio de luz





Numa tarde morna de Maio,
O meu olhar baço e dormente
desenrolou-se sem sentido,
buscando uma imagem distante.
Um pássaro desprendeu-se do meu peito
gritou, voou sem nenhum destino,
e um novo olhar até aí,
plangente e perdido
dissolveu-se num raio de luz
e se afogou de encontro ao meu.

João-Maria Nabais

Imagem retirada do Google

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Percorro............

Título: PERCORRO
 PERCORRO
Descrição:

Percorro este caminho

tentando comungar a paisagem,

fugir da tua imagem

que me dilacerou a alma.

O tempo passou.

e esvazio-me de ti,

Não encontro o que senti.

Regressou a mim a calma,

a interioridade,

a vontade de pensar

com o vazio da alma

e a incapacidade

de amar.

Curo as feridas.

Enterrei as imagens queridas,

cobri os teus

com outros doces carinhos,

aceitei outros amores,

suavizei minhas dores

deixando-me vogar no tempo,

colhendo em cada momento

o que a vida me dispensa,

com, ou sem sentimento.


ANO DE 2003


De: helena guimaraes

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Olhos fechados




Fecho os olhos. vejo luzes de cidades distantes. a noite
distante. vejo o brilho de um sonho tão impossivel.

a escuridão é absoluta. a escuridão é infinita.
todos os cegos sabem que a escuridão é a morte.

fecho os olhos. vejo aquilo que se vê com os
olhos fechados.

a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência

a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.

mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.

aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos. fecho os olhos para te ver
e para não chorar.

José Luís Peixoto

Imagem retirada do Google

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Um adeus português




Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

***
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.

Alexandre O'Neill

Liberta em pedra

Liberta em pedra



Livre, liberta em pedra.
Até onde couber
tudo o que é dor maior,
por dentro da harmonia jancente,
aguda, fria, atroz,
de cada dia.

Não importam feições,
curvas de seio e ancas,
pés erectos à luz
e brancas, brancas, brancas,
as mãos.

Importa a liberdade
de não ceder à vida
um segundo sequer.

Ser de pedra por fora
e só por dentro ser.
- Falavas? Não ouvi.
- Beijavas? Não senti.
Morreram? Ah, Morri, morri, morri!
Livre, liberta em pedra,
voltada para a luz
e para o mar azul
e para o mar revolto…
E fugir pela noite,
sem corpo, sem dinheiro,
para ler os meus santos,
e os meus aventureiros,
(para ser dos meus santos,
dos meus aventureiros),
filósofos e nautas,
de tantos nevoeiros.

Entre o peso das salas,
da música concreta,
de espantalhos de deuses,
que fará o Poeta?

Natércia Freire

Foto:Katarzyna Widmańska

domingo, 15 de janeiro de 2012

Tarde......




If I had to live my life again, I\'d make the same


O tempo se alimenta de beleza ...
é evidente nas mulheres e nas coisas
e é tão voraz e tão subtil seu passo lento
que enganados por sua suave persistência
sempre tarde compreendemos sua essência
da dor e da amargura que está naquilo
que podemos e não fizemos ...a beleza
que era nossa e não sabíamos....

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mistério




O mistério começa do joelho para cima.
O mistério começa do umbigo para baixo
e nunca termina.

Affonso Romano de Sant’Anna


Foto:Edward Weston

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Outono ....




Este frio que me penetra na alma
Esta lucidez amarga
Este Outono triste
Pessoas com o rosto cerrado
Parece que tudo fica mais negro
Olho em volta e vejo anónimos
No ritual da manhã
A beber o café
Saem apressados para o trabalho.
Passam as horas,
Voltam como autómatos para casa
Jantam, vêem televisão, deitam-se…
No dia seguinte tudo se repete
Onde estão os afectos?
Onde está o calor humano?
Cada vez há mais solidão.
Não se vive, vegeta-se…

Foto:Jerry Uelsmann

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

De onde chegam estas palavras?




-De onde me chegam estas palavras?

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência

Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.

Joaquim Pessoa

Foto:Michael Vahle

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Poema do " segredo pa freira "

Lilium.



"Na cela do seu convento
Rodeada de roseiras
Onde entrara nova ainda
Sem um ai sem um lamento
Entre tantas lindas freiras
Morrera a freira mais linda

Era tida como santa
A sua graça era tanta
No seu esgueiro sentir
Que no seu catre deitada
A freira santificada
Levara a vida a mentir

A todos dizia ela
Que nunca amara na vida
Homem algum pelo visto
Sozinha na sua cela
Em orações recolhida
Apenas amara a Cristo

Logo que a freira morreu
A abadessa apareceu
P’ra nestes termos dizer
Ponham-lhe as mãos em cruz
E a medalha de Jesus
Que ela beijou antes de morrer

Mas quando uma freira absorta
Acercando-se da morte
Nessa medalha pegou
Pôs-se a gritar Deus nos valha
Não é de Cristo a medalha"

Note bem:

na última estrofe falta o último verso que é, por assim dizer, a chave do poema:

MAS DO HOMEM QUE ELA AMOU;

Os últimos três versos da 4ª estrofe merecem tb. a seguinte correcção:

PONHAM-LHE (virgula) nas mãos em cruz,
A medalha de Jesus
Que ela beijou ao morrer.

da Wikipédia..


NOTA:
Afinal há pessoas muito atentas ao que por aqui " publico " e porque

achei interessante o comentario sobre o video , aqui transcrevo a

descrição do poema ...grato pela sua ajuda. Volte sempre. Beijo

O segredo da freira....

http://youtu.be/gKLBle7kt-8

OUTUBRO QUENTE

Caminhantes de Levadas




A brisa brinca com as folhas
num murmúrio de dança de noivado.
O Verão está esgotado.
Mas as buganvílias explodem
de fogo e esperança
num manto, espreguiçando-se
pela parede e pelo telhado.
Ao longe o som cavado
do mar revolto e violento.
Um arvéola saltita
à procura de sustento,
prateada, solitária e leve,
intranquila e breve
na quietude do momento.
O parar do pensamento!
O colher da quietude,
comunhão de terra e céu
num segundo que é meu.
Neste Outubro colho a paz,
sem pensar no que o Inverno traz.
Outubro soalheiro e quente
que, como diziam os antigos,
para nós, traz o Diabo no ventre!

De: Helena Guimaraes

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tudo o que te dou ....



Na chuva VIII


Eu não sei, que mais posso ser

um dia rei, outro dia sem comer
por vezes forte, coragem de leão
às vezes fraco assim é o coração
eu não sei, que mais te posso dar
um dia jóias noutro dia o luar
gritos de dor, gritos de prazer
que um homem também chora
quando assim tem de ser

Foram tantas as noites sem dormir

tantos quartos de hotel, amar e partir
promessas perdidas escritas no ar
e logo ali eu sei...

(Que) Tudo o que eu te dou

tu me dás a mim tudo o que eu sonhei tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me dás a mim
e tudo o que eu te dou

Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena

fazes aqueles truques que aprendeste no cinema
mais peço-te eu, já me sinto a viajar
pára, recomeça, faz-me acreditar
"Não", dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu
é madrugada ou é alucinação
estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou dá-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer

...



Pedro Abrunhosa

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

É por Ti que Escrevo....

É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu torso
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandec
er em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso
The Queen


António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'


sábado, 7 de janeiro de 2012

Se's


E se eu cavalgasse em ti tão lentamente só p´ra te levar a um mundo que há muito esqueceste? E se eu colasse em tua boca um beijo que te mostrasse que o arco-íris tem muito mais que sete cores? E se os meus sussurros te colocassem o mundo na palma da mão? E se estes se’s não passarem de simples se’s...?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Poemas mal comportados



Carmen, você estragou meu coração

Carmen, Carminha,
eu pensei que você fosse minha,
mas, não.
Bastou virar a esquina
Para você estragar meu coração,
fazer dele um picadinho
passando sal e limão.
Carmen,
o que me aconteceu
que eu perdi você
como o anel que me deu!
Carmen,
tem coisas que não pode ser...
o que me dizem de você
é que virou um furacão
passou pelo sabre de todo o batalhão.
Não! Não! Não!
Logo você que era tão pudica
dizem que não pode ver ...
uma garrafa
que o primeiro que vier garfa!
Ah! Carmen,
nem venha me falar
que, depois, basta lavar.
Não é assim não!
Você dilacerou meu pobre coração
e ando até com medo
de arranjar uma mulher
com jeito infantil.
Carmen,
minha vontade é de sumir do Brasil...
atrás de inglesas
que, segundo De Laurentis,
são símbolo da pureza,
pois, nem lavam a genitália!
Se não der certo
bebo vinho até morrer
na Itália!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Quando te vi senti um puro tremor de primavera




Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume
No meu sangue vogavam levemente
Tutorial Strobist (Mix de Luzes)
anénomas estrelas barcarolas
O siêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas
Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda
Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol

António Ramos Rosa

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Não tenho tempo para as estrelas .....




Se cruzasse o universo
De ponta a ponta,
Buscaria tão somente
Teu coração.
Se vagasse sobre o abismo
Azul e medonho do mar,
Buscaria simplesmente
As profundezas do teu sentimento.
Quando olho o céu noturno
Busco o rumo certo
Para teus suaves abraços.
Não tenho tempo a perder
Olhando as estrelas errantes,
Pois eu mesmo erro na terra
Tentando encontrar meu amor.
Poderia ser tua face
Como aquela constelação
Que me fita com diamantinos luzeiros.
Assim sendo não perderia
Tempo com as galáxias
Pois nas estrelas dos teus olhos
Encontro toda luz que preciso.
Não tenho tempo para as estrelas,
Nem mesmo se caíssem a meus pés,
Porque caminho certeiro como flecha
Para o coração bem amado
Da minha senhora da noite.

Marco António Cardoso

Foto:Yuri Bonder

Não tenho tempo para as estrelas .....




Se cruzasse o universo
De ponta a ponta,
Buscaria tão somente
Teu coração.
Se vagasse sobre o abismo
Azul e medonho do mar,
Buscaria simplesmente
As profundezas do teu sentimento.
Quando olho o céu noturno
Busco o rumo certo
Para teus suaves abraços.
Não tenho tempo a perder
Olhando as estrelas errantes,
Pois eu mesmo erro na terra
Tentando encontrar meu amor.
Poderia ser tua face
Como aquela constelação
Que me fita com diamantinos luzeiros.
Assim sendo não perderia
Tempo com as galáxias
Pois nas estrelas dos teus olhos
Encontro toda luz que preciso.
Não tenho tempo para as estrelas,
Nem mesmo se caíssem a meus pés,
Porque caminho certeiro como flecha
Para o coração bem amado
Da minha senhora da noite.

Marco António Cardoso

Foto:Yuri Bonder

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Poemas mal comportados....



Meu amor não te sei beijar..

Ah! Sou tão desajeitado..
Que nunca beijo direito
Nem sei mesmo de qual lado
Consigo achar os teus lábios.
Tento achar a tua boca,
Mas, acabo nos teus seios....

Meu amor não sei amar..

Porém, eu te amo tanto
E por caminhos improváveis,
Que nem chegas a sentir,
Com os prazeres incontáveis,
Que brincando com teu ventre
Devem até te divertir...

Meu amor não sei mais nada...

Desaprendi se já soube,
Mas, no teu corpo vou lendo
Os livros mais que secretos
Dos segredos mais guardados
E os gozos que os que sabem
Desconhecem até que existem.

Meu amor não sei tocar...

Mas, no teu corpo, sem jeito,
Como por passe de mágica,
Sou um músico perfeito
Que o instrumento que toca
Antes mesmo de pensar
Flui em um milhão de notas
O que ainda sonho em tocar.

...longo caminho



Os novos dias
como flores da vida
brotam
e vão, tristes ou alegres,
compondo o jardim da vida.
Eu sei, querida,
que não te amei como devia
nem com a intensidade que queria,
porém, o meu desejo infinito permanece
e, se aquece, mesmo, na distância, em saber
que longo é o caminho
do nosso louco querer.